Carregando dados

Anteriormente vimos como você pode usar comandos como ls, ps, date e sys para carregar informações sobre seus arquivos, processos, data e hora e sobre o sistema em si. Cada comando retorna uma tabela de informações que podemos explorar. Há outras maneiras de se carregar uma tabela de dados com a qual trabalhar.

Abrindo arquivos

Uma das funcionalidades mais poderosas do Nu para lidar com dados é o comando open. Ele é uma ferramenta múltipla, capaz de trabalhar com diversos formatos de dados. Para vermos o que isso significa, vamos tentar abrir um arquivo json:

> open editors/vscode/package.json
------+----------+----------+---------+---------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------
 name | descript | author   | license | version | reposito | publishe | categori | keywords | engines  | activati | main     | contribu | scripts  | devDepen
      | ion      |          |         |         | ry       | r        | es       |          |          | onEvents |          | tes      |          | dencies
------+----------+----------+---------+---------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------
 lark | Lark     | Lark     | MIT     | 1.0.0   | [object] | vscode   | [0       | [1 item] | [object] | [1 item] | ./out/ex | [object] | [object] | [object]
      | support  | develope |         |         |          |          | items]   |          |          |          | tension  |          |          |
      | for VS   | rs       |         |         |          |          |          |          |          |          |          |          |          |
      | Code     |          |         |         |          |          |          |          |          |          |          |          |          |
------+----------+----------+---------+---------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------+----------

De um jeito similar ao comando ls, abrir um tipo de arquivo que o Nu entende vai nos retornar algo que é mais do que apenas texto (ou um fluxo de bytes). Aqui nós abrimos um arquivo "package.json" de um projeto JavaScript. O Nu abre e reconhece o texto JSON e retorna uma tabela de dados.

Se quisermos checar a versão do projeto que estamos olhando, podemos usar o comando get.

> open editors/vscode/package.json | get version
1.0.0

O Nu atualmente suporta carregar dados diretamente para tabelas a partir dos seguintes formatos:

  • json
  • yaml
  • toml
  • xml
  • csv
  • ini

Mas o que acontece se você carregar um arquivo texto cujo formato não é um desses? Vamos tentar:

> open README.md

O conteúdo do arquivo é mostrado. Se o arquivo for muito grande, obteremos uma visão rolável para examinar o arquivo e depois voltar para o terminal. Para ajudar na legibilidade, Nu faz realce de sintaxe para formatos comuns como arquivos de código fonte, markdown e outros.

Por baixo dos panos, o que o Nu enxerga nesses arquivos texto é uma grande string. A seguir, vamos falar sobre como trabalhar com essas strings para obter os dados que precisamos delas.

Trabalhando com strings

Uma parte importante de se trabalhar com dados vindos de fora do Nu é que eles nem sempre vêm num formato que o Nu entende. Com frequência, esses dados são passados como uma string.

Vamos imaginar que obtivemos esse arquivo de dados:

> open people.txt
Octavia | Butler | Writer
Bob | Ross | Painter
Antonio | Vivaldi | Composer

Cada pedacinho de dado que queremos está separado pelo símbolo de pipe ('|') e cada pessoa está numa linha em separado. Nu não possui por padrão um formato de arquivos delimitados por pipe, então teremos que interpretá-lo nós mesmos.

A primeira coisa que queremos fazer ao carregar o arquivo é trabalhar com ele linha a linha:

> open people.txt | lines
---+------------------------------
 # | value
---+------------------------------
 0 | Octavia | Butler | Writer
 1 | Bob | Ross | Painter
 2 | Antonio | Vivaldi | Composer
---+------------------------------

Podemos notar que estamos lidando com linhas porque voltamos a ver uma lista. Nosso próximo passo é tentar dividir as linhas em algo um pouco mais útil. Para isso, vamos usar o comando split column. Como o nome implica, esse comando nos dá uma forma de dividir em colunas uma string delimitada. Informamos qual é o delimitador e o comando faz o resto:

> open people.txt | lines | split column "|"
---+----------+-----------+-----------
 # | Column1  | Column2   | Column3
---+----------+-----------+-----------
 0 | Octavia  |  Butler   |  Writer
 1 | Bob      |  Ross     |  Painter
 2 | Antonio  |  Vivaldi  |  Composer
---+----------+-----------+-----------

Está quase certo. Parece que tem um espaço extra ali. Vamos mudar nosso delimitador:

> open people.txt | lines | split column " | "
---+---------+---------+----------
 # | Column1 | Column2 | Column3
---+---------+---------+----------
 0 | Octavia | Butler  | Writer
 1 | Bob     | Ross    | Painter
 2 | Antonio | Vivaldi | Composer
---+---------+---------+----------

Nada mal. O comando split column retorna dados que podemos usar. Ele também vai além e nos dá nomes de coluna padrão:

> open people.txt | lines | split column " | " | get Column1
---+---------
 # | value
---+---------
 0 | Octavia
 1 | Bob
 2 | Antonio
---+---------

Podemos também nomear nossas colunas ao invés de usar os nomes padrão:

> open people.txt | lines | split column " | " first_name last_name job
---+------------+-----------+----------
 # | first_name | last_name | job
---+------------+-----------+----------
 0 | Octavia    | Butler    | Writer
 1 | Bob        | Ross      | Painter
 2 | Antonio    | Vivaldi   | Composer
---+------------+-----------+----------

Agora que nossos dados estão em uma tabela, podemos usar todos os comandos que já usávamos antes em tabelas:

> open people.txt | lines | split column " | " first_name last_name job | sort-by first_name
---+------------+-----------+----------
 # | first_name | last_name | job
---+------------+-----------+----------
 0 | Antonio    | Vivaldi   | Composer
 1 | Bob        | Ross      | Painter
 2 | Octavia    | Butler    | Writer
---+------------+-----------+----------

Há outros comandos que você pode usar para trabalhar com strings:

  • str
  • lines
  • size

Há também um conjunto de comandos auxiliares que podemos chamar se soubermos que os dados têm uma estrutura que o Nu deve ser capaz de entender. Por exemplo, vamos abrir um arquivo de lock do Rust:

> open Cargo.lock
# This file is automatically @generated by Cargo.
# It is not intended for manual editing.
[[package]]
name = "adhoc_derive"
version = "0.1.2"

O arquivo "Cargo.lock" é na verdade um arquivo .toml, mas a extensão do arquivo não é .toml. Tudo bem, podemos usar o comando from toml:

> open Cargo.lock | from toml
----------+-------------
 metadata | package
----------+-------------
 [object] | [405 items]
----------+-------------

Há um comando from para cada formato de dados estruturados em texto que o Nu entende e pode abrir.

Abrindo no modo bruto

Embora seja útil poder abrir um arquivo e trabalhar imediatamente com uma tabela dos seus dados, nem sempre é isso o que queremos fazer. Para ter acesso ao texto subjacente, o comando open pode receber um modificador opcional --raw:

> open Cargo.toml --raw
[package]                                                                                        name = "nu"
version = "0.1.3"
authors = ["Yehuda Katz <wycats@gmail.com>", "Sophia Turner <547158+sophiajt@users.noreply.github.com>"]
description = "A shell for the GitHub era"
license = "MIT"

Abrindo URLs

Além de carregar dados a partir do sistema de arquivos, você também pode passar uma URL para o comando open. Ele trará da internet o conteúdo dessa URL e o retornará para você:

> open https://www.jonathanturner.org/feed.xml
----------
 rss
----------
 [1 item]
----------